Santos 2011 (Campeão da Libertadores)

Os amigos sabem, e não de hoje, que sou santista. Costumo dizer sempre que sou santista "por parte de pai", o que se justifico nesse relato. Um 1986 quando comecei a curtir o esporte e a me interessar pelas coisas do futebol, os grandes times do futebol brasileiro eram São Paulo e Flamengo. Nestes times desfilavam craques da estirpe de Müller, Silas, Pita, Careca (campeões brasileiros de 86) ou Renato Gaúcho, Bebeto e Zico (Campeões em 87) e como todos sabem, há sempre aquele fenômeno comum em que grandes contingentes de novos torcedores se formam (normalmente crianças) muitos em função da boa fase pela qual algum time inespecífico esteja atravessando. Não sei se os amigos sabem, mas há até estudos com levantamentos que tentam mensurar o lastro (de torcedores e de retorno econômico) deixado pelos craques e títulos conquistados pelos times de massa. É verdade também que nem todo torcedor é cunhado nesta mesma chama de paixão e grandes feitos. O tipo de disseminação mais comum dessa paixão pelo futebol ainda se dá como uma espécie de contágio, uma herança transmitida de pai para filho e capaz de atravessar gerações e mais gerações, independente de títulos, craques e ações momentâneas de marketing. Quase como uma religião, aprende-se, desde pequeno, pela repetição dos atos dos pais, a amar e seguir as cores de um time.
Pois bem, fiz esse preâmbulo todo para recuperar o início da minha história de amor pelo fantástico Santos Futebol Clube e dar ao amigo a exata dimensão da minha paixão por este clube.
Diferentemente do que acontece com a maioria dos torcedores,que passam a torcer pelo calor de uma conquista, pela emoção de um grande feito, comecei a torcer pelo Peixe quando este passava por uma de suas fases mais pobres e tristes de sua gloriosa história. O time de 1986 foi 18º colocado no Campeonato Brasileiro; em 1987 foi o penúltimo, nos anos seguintes os fracassos se repetiam: 18º, 12º, enfim... quem diria que em épocas de vacas tão magras pudesse o clube estar cultivando algo tão bonito em um coração juvenil, não é mesmo? Pois é, amigos. O futebol é realmente mágico. Como qualquer outro amor, parece ser cego e inexplicável. Sofri bastante torcendo pelo time de Vila Belmiro nos primeiros anos e os maravilhosos dias que justificavam aquelas duas estrelas amarelas bordadas sobre o escudo eram coisas de um outro tempo,  remontado apenas pelas deliciosas narrativas do meu pai que, privilegiado, teve a felicidade de acompanhar aquilo tudo de perto.
Esperei 11 longos anos até ver um título do Santos, em 1997 o extinto título da Copa Rio-São Paulo (uma espécie de torneio de verão). Outro título veio no ano seguinte a Copa Conmebol (equivalente à Copa Sulamericana de hoje). Titulo mesmo de verdade só veio em 2002 com o Campeonato Brasileiro, conquistado de maneira arrebatadora pela geração mágica de Robinho e Diego. Eu tinha finalmente ídolos, craques dignos de vestir até mesmo a camisa da Seleção Brasileira.
Hoje, épocas de vacas gordas, em que os títulos se tornaram frequentes novamente (como na época do meu pai); Campeonatos Brasileiros de 2002 e 2004, Copa do Brasil de 2010, Campeonatos Paulistas de 2006, 2007, 2010 e 2011 e ontem a Taça Libertadores da América, percebo que passar essa paixão hereditária para os meus filhos é tarefa das mais fáceis.O Nícolas, meu menino de 5 anos pulando loucamente comigo nos gols de Neymar e Danilo certamente guardará para sempre indelével a lembrança deste dia glorioso em que vibramos juntos por um título tão lindo. Beatriz, minha filha de 12 anos, mais concentrada, sentada ao meu lado, nervosa mordia os lábios esperando o redentor apito final para pularmos juntos e sairmos num frenético buzinaço rumo à casa do meu pai onde a gritamos muito, pulamos muito e acordamos a vizinhança não-santista. Mágico foi o que meu pai conseguiu me transmitir, sem títulos, sem craques, sem glórias.
Viva o futebol. Vida longa ao Santos Futebol Clube, apaixonante, com ou sem títulos.

Fichamento
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Fabricante de material: Pexe Botões
Arte: VITRINE DO BOTÃO
Lançamento: maio de 2011
Dono: (arrematado por Armando Pordeus de Recife-PE)
Avaliação técnica: sn
Nota jurada: sn/sn/sn/sn/sn (parciais) sn (média)